terça-feira, setembro 19, 2006


foto: Porto

Lavava no Rio Lavava
letra: Amália Rodrigues

Lavava no rio lavava
Gelava-me o frio gelava
Quando ia ao rio lavar
Passava fome passava
Chorava também chorava
Ao ver minha mãe chorar

Cantava também cantava
Sonhava também sonhava
E na minha fantasia
Tais coisas fantasiava
Que esquecia que chorava
Que esquecia que sofria

Já não vou ao rio lavar
Mas continuo a chorar
Já não sonho o que sonhava
Se já não lavo no rio
Por que me gela este frio
Mais do que então me gelava

Ai minha mãe minha mãe
Que saudades desse bem
Do mal que então conhecia
Dessa fome que eu passava
Do frio que me gelava
E da minha fantasia

Já não temos fome mãe
Mas já não temos também
O desejo de a não ter
Já não sabemos sonhar
Já andamos a enganar
O desejo de morrer



Gosto muito de ouvir esta música na versão da Ana Moura no seu primeiro álbum "Guarda-me a vida na mão»

sábado, setembro 09, 2006

Marisa Monte ao vivo no coliseu do Porto






Fotos: Concerto de dia 6 de Setembro no coliseu do Porto

Na passada quarta-feira, Marisa Monte proporcionou-me um dos concertos mais bonitos que já tive o prazer de assistir. Com cenários que contrastavam entre a simplicidade das imagens e a complexidade de toda uma estrutura montada em palco.
Um concerto constítuído maioritariamente por músicas dos seus dois últimos albúns, mas que não deixou de ter presente músicas popularizadas pelos Tribalistas e de álbuns mais antigos como este «Segue o seco», que para mim foi um dos momentos altos do concerto não só pela bela música, mas por toda a iluminação e cenografia montada.
Para quem não teve ainda a oportunidade de assitir a um concerto da Marisa Monte, ainda poderá assistir amanhã em Lisboa, ao último concerto em Portugal. Vale mesmo a pena!!


Segue o Seco
Carlinhos Brown e Marisa Monte

A boiada seca
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca
Segue o seco sem sacar que o caminho é seco
sem sacar que o espinho é seco
sem sacar que seco é o Ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino secará
Ô chuva vem me dizer
Se posso ir lá em cima prá derramar você
Ó chuva preste atenção
Se o povo lá de cima vive na solidão
Se acabar não acostumando
Se acabar parado calado
Se acabar baixinho chorando
Se acabar meio abandonado
Pode ser lágrimas de São Pedro
Ou talvez um grande amor chorando
Pode ser o desabotoado céu
Pode ser pouco meu amor

Marisa Monte in «Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão»